Artigo de Dom Aldo para o Correio da Paraíba (21/08/2011 )
A ressurreição de Cristo supera a finitude da vida terrena e abre a perspectiva para a vida em plenitude, para além dos limites da matéria e das condições da vida temporal. Cristo redivivo é o penhor do nosso retorno ao Pai, onde reside nossa origem divina. O Pai Criador nos participa a sua Vida através de seu filho, Jesus Cristo. É dessa forma que entendemos a assunção de Maria, elevada ao grau excelso da comunhão de amor na Trindade sacrossanta. Maria é a amostragem da realidade última de toda criatura humana, na perfeição da imagem da semelhança divina.
Maria foi chamada a participar de modo singular na obra da redenção consumada por Jesus Cristo. Ela o engendrou em seu seio e o deu à luz. Maria se torna fecunda por obra e graça do Espírito. Bendito é Jesus, fruto de seu ventre. Maria é exemplar característico da vida centrada em Jesus Cristo, de quem ela se fez discípula e serviçal incondicional. Maria tomou por referência exclusiva a vivência da salvação da humanidade em Cristo. Maria é a primeira testemunha do mistério de amor revelado à humanidade.
Vivendo em função da pessoa e da obra salvífica de Cristo, Maria antecipa o sentido último da vida da humanidade, ou seja, a participação na ressurreição do Senhor da Vida. Maria representa a resposta de Deus à expectativa da humanidade, à superação da morte. Na assunção de Maria a humanidade está perfeitamente representada. Ninguém nasceu para morrer, senão para viver em plenitude. Nós, humanos, vivemos da esperança de entrar definitivamente para a vida plena, última realidade. Eis a assunção de Maria, a participação no mistério de Cristo, culminando em sua ressurreição.
As realidades intramundanas com suas belezas e contradições estão delimitadas pelo tempo e pelo espaço. Na vida tudo passa. Sonhos, ilusões, realizações, perdas, ganhos, vaidades, sofrimentos. O amor de Deus nos liberta de tudo o que não é preciso para alcançar o sentido último da vida. A morte corporal desnuda todas as nossas mentiras existenciais. Resta tão somente a esperança que não decepciona, ou seja, a presença do Espírito que vem em nosso socorro com suas inspirações inexprimíveis.
Maria canta o hino da vitória e êxito final da existência terrena para entrar definitivamente na vida em plenitude. Olhou para a humildade de sua serva e, por isso, todas as gerações me chamarão bendita. O Senhor fez por mim maravilhas e santo é o seu nome, a sua presença. Maria assunta aos céus é sinal da realização da promessa do amor e da fidelidade daqueles que realmente buscam a Deus e em Deus o sentido de todas as realidades humanas.
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba
Arcebispo da Paraíba
Nenhum comentário:
Postar um comentário